Racismo estrutural

Entendemos que o problema do racismo na sociedade brasileira é estrutural. Isto quer dizer que compreendemos que, no Brasil, nossa organização se assenta social, econômica e politicamente, em termos de linguagem, costumes e representações, em práticas institucionais e em políticas públicas que ratificam, promovem e perpetuam a desigualdade de grupos racializados dentro da nossa sociedade. Essa desigualdade não é pontual, mas estrutural no sentido de que privilegia transversalmente todas e todos associados à Branquitude através da violência e da opressão da população negra.

Interseccionalidade

O racismo como fenômeno estrutural e estruturante da nossa sociedade está conectado a outras categorias de opressão que derivam, alimentam e estão intimamente ligadas à problemática racial. O combate à desigualdade de raça é também a busca da redução das desigualdades sociais e de gênero. Por essa razão, na visão interseccional, o combate ao racismo, por meio da adoção de práticas antirracistas eficazes, é instrumento que deve promover de forma simultânea a diminuição das opressões de classe, gênero, orientação sexual e contra pessoas com deficiência, presentes na sociedade e, por conseguinte, nas escolas brasileiras.

Educação

A Educação, diferente do ensino, é um bem público e um direito. Somos, por ora, comunidades de famílias inseridas no ensino particular, mas compreendemos que a Educação de qualidade é um dos pilares de uma nação e deve ser um direito de todos e, portanto, precisa ser defendida coletivamente. Por mais progressista que seja o ensino, acreditamos que enquanto não houver equidade racial nas escolas não haverá projeto político-pedagógico democrático que sustente nosso ideal de Educação.

Movimentos negros

Os movimentos negros atravessam a História do Brasil, se organizando, denunciando a violência e a opressão sofrida e resistindo. Reconhecemos a sua importância fundamental e compreendemos que devem ter um lugar privilegiado de fala e atuação na condução da luta pela desconstrução do racismo estrutural. Os movimentos negros sempre foram os protagonistas desta luta e as ações de combate ao racismo estrutural devem contribuir para reforçar este protagonismo.

Branquitude

A Branquitude, embora diversa, refere-se a uma identidade racial branca construída socialmente, que cria e perpetua privilégios simbólicos, subjetivos e objetivos para os brancos em seu próprio benefício e em detrimento dos demais grupos racializados, notadamente os negros e povos originários, contribuindo para a montagem e reprodução do racismo estrutural. Reconhecemos o status de poder que a Branquitude concede a um grupo e defendemos que essas pessoas adotem uma postura crítica, assumindo a responsabilidade - a partir do seu lugar de fala - pelo seu papel político e pedagógico na desconstrução da desigualdade racial em nossa sociedade.

Práticas antirracistas e seus fundamentos

Práticas Antirracistas são ações estruturadas, intencionais, propositivas e reparatórias, que possuem como objetivo a desconstrução das estruturas impregnadas pelo racismo, a fim de que a população negra se veja representada quantitativamente nos estratos sociais, especialmente nas esferas de poder. Referidas Práticas Antirracistas devem estar fundamentadas nos marcos legais instituídos pelas Leis 10.639/03, 11.645/08 e 12.288/10, e devem valorizar o pensamento, as ideias e as conquistas dos intelectuais e lideranças dos Movimentos Negros.

Políticas afirmativas

São medidas especiais de políticas públicas e/ou ações privadas de cunho temporário ou não. Tais medidas pressupõem uma reparação histórica de desigualdades e desvantagens acumuladas e vivenciadas por um grupo racial ou étnico, de modo que essas medidas aumentam e facilitam o acesso desses grupos, garantindo a equidade de oportunidade.